terça-feira, 27 de março de 2018

CARTA ABERTA AOS PORTUGUESES

      Sempre quando vemos um povo entrando em nosso país, nos sentimos invadidos e com repulsa de estarmos sendo prejudicados. Vem logo os questionamentos: Porque não ficam em seus países? O governo deles é que é responsável pela crise. Até quando suportaremos esta invasão?
      Às vezes, sinto que apesar dos portugueses adorarem os brasileiros, não concordam com os brasileiros e outros descendentes de portugueses quererem ir para lá.
     Mas olhando para um passado distante e que é difícil de lembrar e de compreender, podemos ver o quanto o governo português está sendo justo em permitir que netos e filhos de imigrantes portugueses tenham a oportunidade de tentar a vida em Portugal com a devida permissão concedida através da cidadania. A ação e reação, crises, guerras mundias, ditadura salazarense, tudo aconteceu a partir de 1914, mais ou menos, com o início da 1º guerra, onde o mundo, povo inocente, passou fome e miséria. E cheios de esperança resolveram que sair era a melhor solução ou morrer a míngua.
      Este povo veio e de braços erguidos, construiu uma nação, foram bem recebidos, acolhidos por antigos familiares ou não, muitos chegaram sem destino e começaram do zero.
     Então, estão concedendo direitos aos filhos e netos destes bravos portugueses para retornarem à pátria que um dia os fez chorar ceifando com suas últimas chances e esperança de lutar por melhores condições em suas próprias terras. Que agora se faça jus ao povo retirante que tentando lutar por melhores condições resolveu se exilar em outros países, agora depois de quase 100 anos, foi reconhecido o direito do retorno de seus descendentes, que só não são portugueses por retaliação das guerras, das imposições salazarianas e muito mais que a história não nos deixa mentir. Todo povo passa por opressões e eles tem o direito de sair e se não der tempo de voltar que voltem seus representantes de direito.
      O Brasil também já pôs isto em lei, " todo filho de brasileiro que nasce no estrangeiro, tem o direito de ser brasileiro, nenhum filho menor, vem para o Brasil, mesmo para uma visita, se não tiver seu genuíno passaporte brasileiro, mesmo que os pais não queiram. 
      O governo garante a obrigatoriedade de os filhos de brasileiros, se um dia quiserem retornar a pátria de seus ascendentes, tenham seus direitos garantidos independente da vontade dos pais que muitas vezes não enxergam a benfeitoria.
      Busquemos dar as mãos e auxiliar os irmãos vizinhos que muitas vezes sofrem por causa de guerras, crises e desastres naturais. Cada um que trabalha, produz e consome, alavancando assim as economias dos lugares escolhidos.
      A terra brasileira foi genuinamente construída por portugueses que acreditavam que podiam fazer a diferença, desde a colonização recebemo-os de braços abertos, vieram certos da fartura e das grandes possibilidades que a terra esbanjava e na esperança da próspera colheita avançaram sem temor.  
      Terra tão distante que se tornou tão afim, na cultura, na língua, tudo continua como figurinha repetida, os fortes, as igrejas, em tudo vemos a influência lusitana. A minha casa é sua casa e vise versa.
      De geração em geração, foi e continua sendo passado para nós o mesmo sonho desbravador português, até hoje pensamos que tudo que vem de fora tem mais valor, cultura milenar passada pelos primeiros que chegaram. Desenvolvemos um sentimento filial em que hoje nos atrapalha e nubla nossa visão, nosso verdadeiro valor, nossa auto estima. Talvez seja esta parte de nós que nos faz acreditar que nada aqui muda e tentemos algo melhor em outras terras.
      Os antigos imigrantes, vieram por sonhos e ilusões de fortuna. Os últimos imigrantes, vieram pela mesma razão, façamos uma concessão, irmãos portugueses de coração e aceitem estes filhos pródigos que a antiga casa retorna.

                                                                           Andrea Pordeus

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