quarta-feira, 28 de março de 2018

A TECNOLOGIA DE CADA ÉPOCA
     
       Desde que no mundo, o homem começou a avançar e inventar, ficou exposto a críticas. Tudo o que se faça, a geração que chega se adapta porque a mente é plástica e aceita e a geração madura se contrai e resiste, não quer mudar, tem a tendência de achar que regras, teorias e comportamentos são imutáveis.
      De cima tem uma visão ampla e consegue ver os pros e os contras, analisa oque acontecia e o que mudou. Já os novos, sem parâmetros, aceita o bom e o ruim, cede aos apelos da maioria, da disseminação da ideia, da mídia que corrompe.
      Não se tem uma época que não tenha sido contestada por uma geração e sido inovada pela geração criativa e autêntica que chega fazendo o maior barulho e alarde. Mexendo com toda a sociedade já estabelecida e monótona.
      Todos agora estão cientes dos efeitos e consequências do uso do celular, que manipula as mentes, que sugestiona, que vicia, que isola, e que está mudando a estrutura da sociedade mundial.Não vejo isto com maus olhos, tudo muda e temos que aceitar.
      Já tive o meu tempo de fazer a diferença e achava que os antigos tinham que aceitar o novo e que quando chegasse no mesmo estágio deles seria diferente, pois já tinha visto de tudo e seria garantida a minha modernidade para sempre. Doce ilusão do jovem achar que já sabe de tudo e que já tem a mente aberta. Vai vir sempre um novo, com uma carta na manga que nunca poderíamos imaginar, o progresso sempre nos pregando peças.
      Mas então, olhe só para trás: O que os nossos avós disseram para nós quando chegou a televisão, e a telenovela roubou a cena e a conversa do jantar. O que dizer do telefone, que perdíamos horas e horas falando com os amigos e nossas mães ralhavam até... Cada tecnologia a seu tempo pelo progresso, quando poderíamos imaginar um mundo coligado e digital, onde os países não mais tem barreiras ou limites, tudo junto e misturado...
      As características de cada época são latentes e inerentes ao progresso, quem de nós não deixaria o rádio de ondas curtas pelo FM, quem de nós não deixaria o rádio para entrar na era da televisão, quem de nós não deixaria a telenovela por um filme de VCR, e assim vai... Uma geração sempre vendo os prejuízos da vindoura modernidade. E não para aí não! Os avanços tem seu lado positivo e negativo, temos que aceitar e nos adaptar.
      As ideologias, as modas, a cultura, a língua, as gírias, tudo está em completo movimento cósmico, nada fica estagnado. Então, antes que caiamos nos mesmos equívocos cíclicos da gerações,abrir a mente para o novo é sempre bom, pois que não podemos segurar a evolução e o progresso. Tudo tem um propósito, nada é meramente acaso.
      O avanço científico veio para agregar, por exemplo, o aumento da expectativa de vida, ninguém contestou, mas a pílula, as cirurgias de estética e mudança de sexo, o clone... há ainda muitas controvérsias....
      Os vícios são, a dor e o prazer, inerente ao ser humano e o motivo da imaturidade e o achismo que tudo não passa de uma brincadeira. E aí vale para cada época, o vinho, a cerveja, os destilados, o ópio, as ervas alucinógenas, os narcóticos e por aí vai. Dependendo da moda e da veiculação, a exemplo do cigarro que pela proibição e falta de divulgação está tendendo cada dia mais ao desuso.
      Façamos uma análise, este texto é por causa do celular que todos estão tão preocupados. O que será da nova geração que não mais se inter-relaciona, que não sabe falar ao vivo e a cores, que não mais sabe brincar de amarelinha e pedrinha, de pião e de pipa. Jogaram nossos conceitos de felicidade no lixo? Não! A realidade deles é outra, o mundo apesar de globalizado se fecha dentro de uma pequena tela que cabe entre os dedos.
      Será que não foi para melhor, antes falávamos muito: fofoca, maledicência e preconceito, agora: Inclusão, pensar antes de falar, não disseminação do fakenews. Os antigos estão perdendo nesta conta.
      Calaram a boca dos nossos jovens para que o mundo mudasse. Ver o lado positivo, dar um voto de confiança e aceitar o novo como etapa da evolução. Nada anda para trás por aqui, o progresso é latente e seguro.

                                                  Andrea Pordeus   

terça-feira, 27 de março de 2018

CARTA ABERTA AOS PORTUGUESES

      Sempre quando vemos um povo entrando em nosso país, nos sentimos invadidos e com repulsa de estarmos sendo prejudicados. Vem logo os questionamentos: Porque não ficam em seus países? O governo deles é que é responsável pela crise. Até quando suportaremos esta invasão?
      Às vezes, sinto que apesar dos portugueses adorarem os brasileiros, não concordam com os brasileiros e outros descendentes de portugueses quererem ir para lá.
     Mas olhando para um passado distante e que é difícil de lembrar e de compreender, podemos ver o quanto o governo português está sendo justo em permitir que netos e filhos de imigrantes portugueses tenham a oportunidade de tentar a vida em Portugal com a devida permissão concedida através da cidadania. A ação e reação, crises, guerras mundias, ditadura salazarense, tudo aconteceu a partir de 1914, mais ou menos, com o início da 1º guerra, onde o mundo, povo inocente, passou fome e miséria. E cheios de esperança resolveram que sair era a melhor solução ou morrer a míngua.
      Este povo veio e de braços erguidos, construiu uma nação, foram bem recebidos, acolhidos por antigos familiares ou não, muitos chegaram sem destino e começaram do zero.
     Então, estão concedendo direitos aos filhos e netos destes bravos portugueses para retornarem à pátria que um dia os fez chorar ceifando com suas últimas chances e esperança de lutar por melhores condições em suas próprias terras. Que agora se faça jus ao povo retirante que tentando lutar por melhores condições resolveu se exilar em outros países, agora depois de quase 100 anos, foi reconhecido o direito do retorno de seus descendentes, que só não são portugueses por retaliação das guerras, das imposições salazarianas e muito mais que a história não nos deixa mentir. Todo povo passa por opressões e eles tem o direito de sair e se não der tempo de voltar que voltem seus representantes de direito.
      O Brasil também já pôs isto em lei, " todo filho de brasileiro que nasce no estrangeiro, tem o direito de ser brasileiro, nenhum filho menor, vem para o Brasil, mesmo para uma visita, se não tiver seu genuíno passaporte brasileiro, mesmo que os pais não queiram. 
      O governo garante a obrigatoriedade de os filhos de brasileiros, se um dia quiserem retornar a pátria de seus ascendentes, tenham seus direitos garantidos independente da vontade dos pais que muitas vezes não enxergam a benfeitoria.
      Busquemos dar as mãos e auxiliar os irmãos vizinhos que muitas vezes sofrem por causa de guerras, crises e desastres naturais. Cada um que trabalha, produz e consome, alavancando assim as economias dos lugares escolhidos.
      A terra brasileira foi genuinamente construída por portugueses que acreditavam que podiam fazer a diferença, desde a colonização recebemo-os de braços abertos, vieram certos da fartura e das grandes possibilidades que a terra esbanjava e na esperança da próspera colheita avançaram sem temor.  
      Terra tão distante que se tornou tão afim, na cultura, na língua, tudo continua como figurinha repetida, os fortes, as igrejas, em tudo vemos a influência lusitana. A minha casa é sua casa e vise versa.
      De geração em geração, foi e continua sendo passado para nós o mesmo sonho desbravador português, até hoje pensamos que tudo que vem de fora tem mais valor, cultura milenar passada pelos primeiros que chegaram. Desenvolvemos um sentimento filial em que hoje nos atrapalha e nubla nossa visão, nosso verdadeiro valor, nossa auto estima. Talvez seja esta parte de nós que nos faz acreditar que nada aqui muda e tentemos algo melhor em outras terras.
      Os antigos imigrantes, vieram por sonhos e ilusões de fortuna. Os últimos imigrantes, vieram pela mesma razão, façamos uma concessão, irmãos portugueses de coração e aceitem estes filhos pródigos que a antiga casa retorna.

                                                                           Andrea Pordeus